CRÉDITO & SEGUROS: Variação da Euribor - impacto nos créditos
A variação da Euribor em Junho de 2025 afecta diretamente os créditos à habitação. Saiba o que muda e como gerir o impacto nas prestações.
A variação da Euribor voltou a ganhar destaque em Junho de 2025, com aumentos nas taxas a três e seis meses e uma ligeira descida na taxa a 12 meses. As alterações reflectem a dinâmica do mercado interbancário europeu e afectam diretamente quem tem crédito à habitação com taxa variável. Com os prazos mais utilizados acima dos 2%, muitos portugueses enfrentam agora um aumento nas prestações mensais.
A Euribor a três meses subiu para 2,004%, enquanto a taxa a seis meses, a mais utilizada em Portugal, atingiu 2,056%. A taxa a 12 meses desceu ligeiramente para 2,084%, mas continua a influenciar uma parte significativa dos contratos. Estas flutuações resultam da evolução económica na zona euro e das decisões do Banco Central Europeu (BCE), que ajusta a política monetária para controlar a inflação e estabilizar os mercados.
O que é a Euribor e porque varia
A Euribor (Euro Interbank Offered Rate) é a taxa média a que os principais bancos europeus estão dispostos a emprestar dinheiro entre si. Calculada para diferentes prazos – uma semana, um mês, três, seis e doze meses – a Euribor reflecte o custo do dinheiro a curto prazo no mercado interbancário. A sua variação resulta de múltiplos factores, como a inflação, a política monetária do BCE e a percepção de risco no sistema financeiro.
A variação da Euribor tem impacto direto nos produtos financeiros indexados a esta taxa, como os créditos à habitação com taxa variável. Nestes contratos, o valor da prestação mensal é composto por um spread (margem do banco) acrescido da taxa Euribor correspondente ao prazo acordado. Assim, qualquer oscilação da Euribor altera o valor a pagar pelo mutuário.
Como se calcula a Euribor
A Euribor é calculada diariamente pela European Money Markets Institute (EMMI) com base nas taxas indicadas por 19 bancos da zona euro. São excluídos os valores mais altos e mais baixos (os 15% extremos) para garantir representatividade e fiabilidade. A média dos restantes valores é publicada como a taxa do dia.
No contexto dos créditos à habitação, a taxa relevante é geralmente a média mensal da Euribor para o prazo escolhido. É essa média que determina o valor da nova prestação após cada revisão contratual, seja ela trimestral, semestral ou anual. Por isso, acompanhar a evolução mensal da Euribor é essencial para antecipar eventuais aumentos no esforço financeiro.
Impacto da variação da Euribor nos créditos à habitação
Em Portugal, cerca de 95% dos contratos de crédito à habitação são a taxa variável ou mista, estando a maioria indexada à Euribor a seis meses (37,61%). A variação da Euribor tem, por isso, um efeito muito direto nos orçamentos familiares. Com a subida registada em Junho, muitos agregados veem as suas prestações aumentadas nas próximas revisões.
Por exemplo, um crédito de 150.000 euros com um spread de 1,2%, indexado à Euribor a seis meses, pode ter uma subida de dezenas de euros por mês, dependendo da evolução da taxa. Em muitos casos, este acréscimo pode representar uma pressão significativa sobre o orçamento familiar, especialmente num contexto de aumento generalizado do custo de vida.
Além do impacto imediato nas prestações, a variação da Euribor também influencia o custo total do empréstimo ao longo dos anos. Pequenas subidas, mantidas durante longos períodos, podem traduzir-se em milhares de euros adicionais pagos ao banco até ao final do contrato.
O que podem fazer os titulares de crédito?
Face à incerteza em torno da variação da Euribor, é fundamental que os mutuários estejam atentos e ajam de forma proactiva. Eis algumas medidas recomendadas:
Monitorizar a Euribor: acompanhar mensalmente a evolução da taxa e verificar quando ocorrerá a próxima revisão do contrato.
Usar simuladores: calcular o impacto de diferentes cenários de Euribor no valor da prestação mensal.
Renegociar condições: contactar o banco para avaliar a possibilidade de reduzir o spread ou alterar o tipo de taxa (por exemplo, de variável para fixa).
Reforçar a poupança: criar uma margem financeira para acomodar eventuais subidas nas prestações futuras.
Avaliar transferências: considerar transferir o crédito para outra instituição com melhores condições.
Perspectivas para os próximos meses
Apesar da recente redução da taxa directora do BCE para 2% em Junho de 2025, os mercados mantêm-se cautelosos quanto à trajectória futura da Euribor. As previsões apontam para uma estabilização da taxa a 12 meses em torno dos 2,10% até ao final do ano, podendo atingir 2,50% em 2026, dependendo da evolução económica.
A incerteza continuará a marcar o comportamento da Euribor, pelo que quem tem crédito à habitação deve manter-se informado e preparado. A gestão cuidada do orçamento e a adopção de estratégias de mitigação de risco serão essenciais para evitar surpresas desagradáveis.
A variação da Euribor é um fator decisivo no cálculo das prestações dos créditos à habitação. A subida registada em junho de 2025 reforça a importância de acompanhar esta taxa e de adotar uma abordagem financeira preventiva. Numa altura em que a maioria dos portugueses tem contratos indexados a taxas variáveis, compreender o impacto da Euribor e agir atempadamente pode fazer toda a diferença na estabilidade do orçamento familiar.
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